Acione o botão para destravar
Texto 1 da coletânea “Arde e brilha (de novo)”
Podia ser tão simples, poderia apenas acontecer, como tudo o que a gente quer ou nem achou que teria que aceitar, mas continua sempre correndo diante dos nossos olhos. Poderia ser leve como o vento que bate na cortina da sala e envolve toda a mobília. Podia brilhar e aquecer. Podia causar amor e isso ser apenas sentido. Podia florescer.
Se fosse simples, assim seria, você destravaria a porta acionando o botão e passaria a ocupar o lugar no meu coração que eu não sei te dar.
Se meu coração não estivesse despedaçado de tanto ter vivido como campo minado, a entrada seria tão bonita quanto a que só você enxerga, mas teriam chaves o suficiente para que você pudesse adentrar. E se você acha que eu não imaginei te conceder a liberação, não se engane, eu só não tenho condições.
Das últimas vezes em que dei permissão, fiquei tão machucada e ainda estou sangrando de uma forma que a única forma de me salvar é continuar aqui, sozinha, estancando.
